De
acordo com o Decreto n°
3.298, de 20 de dezembro de 1999, (Art. 4°, inciso II), com as alterações
introduzidas pelo Decreto nº 5.296, 2 de Dezembro de 2004, a
deficiência auditiva é uma “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um
decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ,
1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz”. Dessa forma, o problema auditivo é caracterizado
pela perda parcial ou total da capacidade de ouvir, seja de forma congênita
(surdez) ou de forma adquirida (deficiência auditiva).
Dados
do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
apontam que, no Brasil, cerca de 9,8 milhões de brasileiros são deficientes
auditivos. Mas, nem todos possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), em
virtude da desinformação, do medo, da falta de incentivo por parte dos
familiares e do descrédito da própria sociedade em relação ao deficiente
auditivo.
Os deficientes auditivos têm garantidos por lei o direito
de dirigir, através da resolução n° 168, emitida pelo Conselho Nacional de
Trânsito (CONTRAN) que permite que surdos com deficiência igual ou superior a
40 decibéis tirem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Assim, é possível
os deficientes auditivos habilitarem-se nas categorias A e B, para conduzir
motos e carros de passeio.
- Procedimentos para
tirar a habilitação
Para requerer a CNH
especial, é necessário ter pelo menos 18 anos, ser alfabetizado, levar as
clínicas credenciadas autorizadas pelo Departamento Estadual de Trânsito
(DETRAN) da sua cidade, os seguintes documentos: original e cópia do RG, do CPF
e do comprovante de residência e uma foto 3x4 colorida com fundo branco.
A acuidade auditiva pode ser
avaliada submetendo o candidato à prova da voz coloquial que a uma distância de
dois metros, o médico profere algumas palavras de costas, para que não haja
leitura labial, e confere se o candidato é capaz de ouvir.
No caso de reprovação nesse
exame, o médico solicitará a realização de uma audiometria tonal aérea, exame
que mede a intensidade da perda auditiva. No caso de uma perda na orelha igual
ou superior a 40 decibéis (dB), somente é possível obter a CNH especial com a realização
de exames otoneurológicos.
Após o resultado do exame, é
preciso fazer a matrícula em um Centro de Formação de Condutores (CFC). A lista
também é encontrada no site dos DETRAN’s.
Em seguida, é preciso procurar uma autoescola que esteja apta a atender um deficiente auditivo. Lá, a pessoa será encaminhada para realizar o exame teórico.
Para o teste prático, o surdo faz o chamado exame de banca especial, em que os portadores de diferentes tipos de deficiência são reunidos para a última etapa do processo de obtenção da CNH.
Em seguida, é preciso procurar uma autoescola que esteja apta a atender um deficiente auditivo. Lá, a pessoa será encaminhada para realizar o exame teórico.
Para o teste prático, o surdo faz o chamado exame de banca especial, em que os portadores de diferentes tipos de deficiência são reunidos para a última etapa do processo de obtenção da CNH.
Cada cidade possui um local
e dias específicos para a realização dessa prova, que são agendados diretamente
pela autoescola. O deficiente auditivo realiza a baliza e, posteriormente, faz
o percurso acompanhado pelo examinador e pelo médico de trânsito. O
acompanhamento é realizado pelo fato de que o médico de trânsito checa se as
adaptações do carro estão de acordo com a deficiência constatada.
- Identificação dos
automóveis
A
utilização do “Símbolo Internacional de Surdez” é prevista pela Lei 8.160, de 08
de janeiro de 1991, que determina sua colocação em todos os locais de acesso
aos surdos.
A utilização do símbolo no veículo para os surdos é
obrigatória e tem como objetivo alertar aos demais condutores da sua presença
ao volante. Devendo, o símbolo, ser fixado em local visível ao público,
como por exemplo, no vidro traseiro do veículo, não
sendo permitida nenhuma modificação ou adição ao desenho. Já para os deficientes
auditivos a utilização do símbolo é facultativa e voluntária. Dessa maneira é
possível alertar os demais condutores que qualquer solicitação a pessoa com
deficiência auditiva deve ser feita por meio dos faróis altos.
O adesivo também pode ser colocado no vidro
dianteiro, para facilitar a identificação por agentes de trânsito e demais
autoridades de trânsito no momento da abordagem.
- Problemas
enfrentados
Na
prática não é tão simples como parece, pois o deficiente auditivo passa por
muitas dificuldades até conseguir tirar a Carteira de Habilitação.
A
presença do intérprete de LIBRAS seja ele, familiar ou oficial, permitirá
auxiliar o candidato durante todo o processo para a aquisição da CNH sendo que,
na prova teórica e prática, o candidato só poderá ser acompanhado pelo intérprete
oficial. Neste caso, a autoescola deverá comunicar com antecedência ao DETRAN
que providenciará junto a Federação Nacional de Educação e Integração
dos Surdos (FENEIS) um intérprete oficial que irá dar as instruções para a
realização do exame.
Alguns
deficientes auditivos também encontram como principal barreira para tirar a CNH
à própria família, que geralmente se voltam para duas características
principais: desprezo ou superproteção. Percebe-se que alguns membros familiares
são contra a tirada da CNH na tentativa de escondê-lo da sociedade e já outros
os protegem demais, e por medo que aconteça algum constrangimento ou mal pelo
fato da pessoa ser deficiente eles se manifestam contrariamente ao interesse do
futuro condutor.
O vídeo abaixo mostra os problemas enfrentados por um
deficiente auditivo na tentativa de adquirir a habilitação.
Em
Petrolina-PE, uma pesquisa feita por alunos da Universidade Federal do Vale do
São Francisco (UNIVASF) apresenta dados sobre o oferecimento dos serviços de
autoescolas para deficientes auditivos. (Ver gráfico abaixo).
Durante
a pesquisa realizada pelos alunos da UNIVASF nas autoescolas em Petrolina, foi possível
sentir dificuldade em praticamente todas as escolas procuradas para responder
as perguntas sobre como é feito o processo de fornecimento dos serviços para
quem possui deficiência. Muitos dos entrevistados não souberam ao menos
responder se ofereciam ou não aulas a deficientes.
O intérprete para os exames de aptidão física e
mental são fornecidos pelo DETRAN. E logo após a aprovação nos exames, para
fazer as aulas teóricas e práticas nas autoescolas, o próprio deficiente é quem
contrata um intérprete particular para auxiliá-lo durante as aulas. O
portador de deficiência realiza os mesmos procedimentos de um não deficiente,
porém precisa ser comprovada a sua deficiência - CONTRAN. Nem sempre os
intérpretes oferecidos ajudam os alunos durantes às avaliações e por vezes
atrapalha a compreensão do aluno, por isso há necessidade de capacitação e
qualificação destes profissionais.
De acordo com o diretor de
uma autoescola, o número de deficientes físicos é superior aos candidatos
surdos, em que de cada dez deficientes, somente um é surdo. A dificuldade de
interpretação pode ser um dos motivos para a baixa procura, diz o diretor.
Algumas autoescolas do país já disponibilizam a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS), o que gerou novidade e alegria para a Associação de Pais e Amigos de
Deficientes Auditivos (APADA), que há anos lutam para a adaptação das provas e
atendimento aos deficientes. A realização da leitura e interpretação das provas
se torna complicado para muitos, pois associam as palavras a imagens na mente,
a grande maioria já é reprovada na primeira avaliação.
Em
entrevista com Janielton, que é surdo, morador da cidade de Petrolina-PE, foi informado
que das autoescolas que ele procurou na cidade para obter a CNH, nenhuma oferecia
o serviço com o intérprete de LIBRAS, tendo que, dessa forma, procurar a cidade
vizinha, Juazeiro-BA, para fazer o curso e tirar sua CNH. A autoescola que o
mesmo encontrou oferece uma estrutura que possui intérprete disponível para as
aulas, porém o custo com intérprete não está incluso no preço oficial da
autoescola, sendo um custo extra. Outro fator que o fez procurar a cidade
vizinha foi à rapidez do processo como um todo na cidade baiana, pois em
Petrolina a realização das provas é mais demorada devido à cidade não oferecer
intérpretes com tanta frequência, só a cada dois meses.
Veja no vídeo a seguir uma reflexão sobre o
processo de aquisição da CNH na entrevista com Janielton.
Links relacionados:
Equipe: José Walter Monteiro de Carvalho, Naiane
Soares de Oliveira, Sabrina Moura Guimarães e Vladson Evander do Nascimento
Macedo.
No caso de mudar a CNH para especial, é preciso fazer aula pratica ou teorica?
ResponderExcluirPois, eu sou deficiente auditiva,tenho CNH normal com observação da letra B (uso obrigatorio de protese auditiva).... eu uso aparelho auditivos nos 2 ouvidos.Aguardo resposta
Amanda
Eu quero faz curso escola aula veículos cartão cnh.
ResponderExcluirPrezado administrador do site, por gentileza, remova a imagem de fundo pois dificulta e muito a leitura.
ResponderExcluir