sexta-feira, 12 de julho de 2013

Musica e Inclusão


“A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria”
Ludwig Van Beethoven
                                                                                                            
A música sempre fez parte das civilizações mais remotas e é uma característica inerente ao ser humano. No entanto, pouco se sabe ou se discute nas escolas e universidades sobre o ensino da música para pessoas com deficiência tanto visual, auditiva, física ou mental. A inserção da pessoa com deficiência no meio artístico, e especialmente na música, é bastante dificultada pela falta de informação de muitos. A discussão do ensino da música para pessoas com necessidades especiais, ainda deve ser muito ampliada, visto que essas pessoas têm interesse em estudar essa linguagem artística, mas ao tentarem encontram sérias dificuldades de acesso. Porém, mesmo com muitas dificuldades, temos exemplos que demonstram a capacidade de pessoas, que mesmo com limitações, podem fazer música de qualidade. A música permite, para as pessoas com deficiência, uma possibilidade de conviver com as limitações e se incluir, como na fala de Godoy “a arte desconhece diferenças, desconhece limites e, por isso mesmo, coloca-nos a todos em pé de igualdade” (2000, p.39)



Ludwig Van Beethoven
Muitos acreditam que é impossível ensinar música para pessoas que não podem ouvir. No entanto, essa crença é inverídica, pois já existem alguns estudos que comprovam que pessoas com surdez congênita ou adquirida podem fazer música de qualidade tal qual um ouvinte. Quem não se lembra de Ludwig Van Beethoven? Beethoven sempre foi um excelente músico, no entanto em 1796 aos 26 anos começou a perder a audição, foi um período de crise, depressão e pouca produção, mas após alguns anos ele volta a compor lentamente e entre 1822 e 1824 ele compõe a sua maior obra-prima: Sinfonia nº 9 em Ré Menor e hoje ele é considerado um gênio da música. A verdade é que se tem a falsa impressão de que a música só é possível graças ao som, mas sabe-se que fisicamente todo som produz vibrações que podem ser sentidas. Beethoven é um exemplo de que a música não é uma arte feita apenas para ouvintes e sim para qualquer pessoa que seja capaz de sentir vibrações.

Stevie Wonder
Falando um pouco da deficiência visual, existem algumas pesquisas que trazem evidências confiáveis de que os cegos possuem uma melhor sensibilidade auditiva, isso se dá porque ao não possuir um dos sentidos, os outros sentidos se desenvolvem melhor. Um pesquisador chamado Pascal Belin, da University of Glasgow (UK), descobriu que crianças que perderam a visão até os dois anos de idade, como Stevie Wonder, desenvolvem uma melhor habilidade musical que pessoas que ficaram cegas mais tarde ou que tem uma boa visão. Quando uma pessoa fica cega, parte do seu cérebro que era usado para informação visual, se reorganiza para assumir outras funções (como processar informação auditiva) e quanto mais cedo essa reorganização acontece, mais eficiente e bem desenvolvida são as outras funções. Talvez isso explique o fato de Stevie Wonder ter feito sucesso mais cedo que Ray Charles, que perdeu a visão aos 7 anos, embora ambos sejam excelentes músicos.

Tony Iommi
Cerca de 24% de pessoas no Brasil têm algum tipo de lesão corporal – seja de origem congênita ou adquirida – essas lesões limitam algumas atividades cotidianas dessas pessoas que a possuem. A importância da música é de facilitar a recuperação e promover o possível desenvolvimento de habilidades peculiares, a exemplo de Tony Iommi guitarrista do Black Sabbath, que ao perder as pontas dos dedos, conseguiu desenvolver uma técnica própria de tocar seu instrumento com as próteses implantadas em seus dedos. Assim como Rick Allen baterista da banda Def -
Rick Allen
Leppard, que ao perder o braço, continuou tocando a bateria (embora tenha feita alguns adaptações) com exímia capacidade e agilidade, mesmo sem um dos braços. Fica nítido que nessas experiências, essas pessoas dotadas de deficiência física demonstram no exercício de seu ofício uma real adaptação às limitações e restrições que a deficiência supunha impor.


Pessoas com deficiência mental também podem aprender e desenvolver o talento de tocar instrumentos. Ao contrário do que muitas pessoas na sociedade moderna pensam, pessoas com distúrbios mentais conseguem tocar qualquer instrumento se forem treinadas para tal. Esse exercício de aprendizagem exige muito dos facilitadores quanto dos alunos, mas o retorno deste árduo processo é muito gratificante, principalmente para a família que percebe melhoras no desempenho do paciente.  O aumento da concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina e a constância da alegria e bem-estar dos pacientes, são alguns dos vários pontos positivos na inserção da música na vida deles.
Para se falar de música para pessoas com deficiência, deve-se transpor todo o pré-conceito sobre ou ouvir e fazer música, visto que ela pode ser sentida por diversas formas e sendo universal, pode sensibilizar a todo um publico e suas diversidades. Faz-se necessário a inclusão da música no cotidiano de pessoas com deficiência, para desenvolver o cognitivo, a coordenação e a criatividade, além de ser um forte fator de inclusão social.
                                                                 
Surdodum (Banda de percussão formada por 13 integrantes, sendo 7 músicos surdos e 6 ouvintes voluntários, desde 1994)
Acesse o link: http://www.surdodum.com/

Danielle Pizziolo (Psicologia)
Yasmin Albuquerque (Psicologia)



Educação inclusiva no Brasil

A educação inclusiva começou a ganhar espaço do Brasil na década de 1980, com  a divulgação dos alarmantes dados sobre evasão escolar e repetência e com o aumento das demandas pela criação de classes especiais. E nessa mesma década, várias reinvindicações de organizações da sociedade civil e das associações de pessoas com necessidades especiais contribuíram para a incorporação de políticas educacionais para todos na constituição de 1988. A proposta aparece na nossa constituição nos artigos 205 e 206.
ART. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
No dia 24 DE OUTUBRO DE 1989, o presidente José Sarney sancionou a lei Nº 7.853 que estabelece normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social. Na área de educação, a lei estabelece que:
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino;

Integração ou inclusão?

Há dois modelos de inserção da criança com deficiência na escola: o modelo de integração, prevalecente nas décadas de 1960 e 1970, um modelo no qual, os alunos com deficiência se inseriam nas escolas, desde que tivessem condições de se adaptar, acompanhar o desenvolvimento da turma. Ele se fundamenta em um modelo médico de deficiência e em práticas de normalização. E o modelo de inclusão que inclui o aluno desde o início de sua vida escolar, as escolas inclusivas não tem uma prática de normalização, ao contrário, elas mostram as diferenças e ensina a todos como viver com a diferença e que a diferença faz parte de todo ser humano:

“...podemos dizer que a prática de integração considera as deficiências como problema das pessoas e visa à manutenção das estruturas institucionais, ao passo que a prática de inclusão considera as deficiências como um problema social e institucional e promove as transformações da sociedade e das instituições  para acolher estas pessoas. Estamos hoje, do ponto de vista da educação especial, vivendo ainda a transição de um modelo de integração para um modelo inclusivo.”.  (DESLANDES, 2012, p.51,.).

Mais de 30 anos depois dos primeiros movimentos políticos de inserção da pessoa com deficiência na escola, podemos notar que o número de crianças com deficiência ainda é ínfimo, e isso acontece porque, apesar da obrigatoriedade das escolas aceitarem essas crianças, muitas delas usam de artifícios para não aceitar a criança, como dizer que não tem vaga, por exemplo, ou aceitar a criança e não oferecer recursos necessários para o seu desenvolvimento.
Outro motivo é o preconceito que os próprios pais legitimam sobre essas crianças. Eles não acreditam que elas possam realmente aprender, consequentemente não os leva à escola, quando levam eles já estão em idades avançadas; e muitas das vezes eles têm medo dos filhos sofrem algum tipo de assédio em decorrência da sua deficiência.
Nosso papel enquanto futuros profissionais é o de auxiliar no desenvolvimento de pesquisas na área, incentivar a socialização da pessoa com deficiência, bem como buscar o cumprimento da lei. Também aperfeiçoar técnicas que efetivem o atendimento à essas pessoas.

13:31


EQUIPE:
Leandro Marçal (Psicologia)
Rebeca Porto (Psicologia)

Referência
Deslandes, K. Lourenço; E. Por uma cultura de direitos humanos na escola: Princípios, meios e fins – Belo Horizonte-MG; Finotraço, 2012.
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm>



"ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO NO VALE DO SÃO FRANCISCO"

Como de um novo costume fomos ao parque da cidade caminhar um pouco,
Movimentar um pouco.
Fomos juntos, aliás, estivemos sempre juntos, desde que me lembro.
Desde que me lembro também ele é incompleto como eu,
Forte como nenhum outro
Parceiro pra qualquer instante,
meu herói-parceiro não tem uma mão.
Desde que me lembro, somos assim
Parceiros – Heróis – Inspiração.

Como resultado de uma insistente tentativa de decidir sobre o escrever, resolvi me ater a um assunto dentro de um tema maior, num contexto excludente e preconceituoso. Conversaremos sobre três pontos que pretendem discutir a prática de esporte e pessoas com deficiência no Vale do São Francisco – Brasil.
Tudo começou com a atleta Fernanda Yara que competia na modalidade regular do Atletismo mesmo não tendo uma das mãos - retirada numa amputação logo ao seu nascimento por causa de um mioma - ela treinou por seis anos com o Educador físico, Pós - graduado em treinamento esportivo Marciano Barros, conquistou diversos títulos nessa modalidade até que entraram no meio paraolímpico de competições e de cara ela alcançou o titulo de campeã Brasileira. Já no segundo ano de competições ela foi convocada para as paraolimpíadas em Pequim 2008, o que descortinou o potencial que há em treinar atletas com e sem deficiência...
Os dois parágrafos que seguem são transcrições do depoimento de Marciano, o treinador que felizmente contabiliza as vitórias dessa equipe de atletas de alto rendimento, que acumulam vitórias em competições nacionais e internacionais e despontam como promessas para as Paraolimpíadas de 2016 no Brasil.
Seguindo na nossa história... “Um de nossos atletas o Josualdo Coelho que competia regularmente mesmo sendo vidente apenas de um dos olhos, estava perdendo a visão do outro olho e com 21 anos ele ficou completamente sem enxergar. Como nós já estávamos trabalhando com o meio paraolímpico, conversamos muito com ele sobre essa perda, explicamos que isso não o impediria de treinar e competir de outra forma e três meses depois ele estava competindo como atleta paraolímpico, nesse mesmo ano conquistou o título de vice campeão brasileiro e terminou o ano de 2012 liderando o ranking dos 10.000m do mundo!             Outro atleta que participa do projeto é o Francisco Daniel, ele conheceu o projeto a partir de entrevistas dadas para blogs e comunicação informal, ele veio até o parque Josepha Coelho acompanhado por seu professor de matemática o Hélio Araujo. Aqui identificamos o potencial dele para a prática do esporte e hoje ele é o tetra campeão brasileiro dos 800m e 1.500m rasos, foi convocado para o parapanamericano de Guadalajara – México em 2011 voltando para o Brasil com duas medalhas, sendo uma de prata nos 800m e a outra de Ouro nos 1.500m. Além do Record de atletismo das Américas!”
Este ano eles competiram na etapa regional em Manaus, do circuito paraolímpico Nacional de Atletismo, a delegação foi inscrita com 12 atletas e voltaram com 17 medalhas de Ouro das 31 medalhas que Pernambuco obteve. As aproximações dos atletas com o projeto se dão de diversas formas e nele treinam atletas que competem nas mais variadas modalidades do esporte
O projeto começou desde 2002 atendendo à demanda de criar uma associação de atletismo aqui em Petrolina para legalizar o tempo obtido pelos atletas em competições. Vinculado ao Atletismo Campeão de Recife, uma associação de apoio a pessoa com deficiência, o pólo de Petrolina também funciona sem fins lucrativos com treinos todos os dias das 07:00h às 09:00 da manhã atletas com e sem deficiência treinam no parque Josepha Coelho. A associação não recebe recursos federais, estaduais ou municipais, ela capta recursos esporádicos que custeiam as inscrições as viagens e os materiais utilizados. Para alguns dos atletas é pago o Bolsa atleta federal ou o Bolsa atleta estadual esses já sobrevivem da própria prática do Atletismo, o que é o sonho de todo esportista.
Hoje a equipe tem como objetivo competirem na Olimpíada e Paraolimpíada de 2016 com quatro paratletas e dois atletas regulares, que morem e treine aqui na região, a equipe está se preparando desde 2008 para alcançar este objetivo, a cada estratégia montada para alcançar esse horizonte visualizamos mais e mais próximo o êxito para alcançar o alvo coletivamente.




Eveline Barreto (Psicologia)

EU POSSO TRABALHAR!




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 “A gente tem que se adaptar ao ambiente.
 Não dá pra ficar se lamentando!” 








Luciana Moreira
(Contadora)

1. Qual a sua limitação física?

Eu tenho uma doença hereditária, chamada doença de Stargardt, e essa doença se desenvolve da fase da adolescência pra fase adulta. Eu comecei a usar óculos aos 10 anos de idade mas até então pensava que era um problema normal de visão. Aos 17 anos fui pra São Paulo de férias e aproveitei pra fazer uns exames de rotina e o médico disse que eu tinha uns pontos brancos na minha retina mas não sugeriu que fizesse exames mais profundos. Só voltei ao oftalmologista aqui, depois de uns 3 anos, foi quando descobri que estava com essa doença.

2. Como foi depois que você soube da doença?

Na época que descobri perdi a visão muito rápido. Eu senti o impacto de uma vez só porque eu ia pro cinema, sentava lá na última poltrona e via a legenda normal. Comecei a ir ao cinema e não conseguia enxergar. E aí foi quando comecei a perceber, hoje ela está estacionada, mas eu só tenho 10% da visão. Eu não quero e nem posso perder mais nada né.

3. Mas essa possibilidade existe? De perder totalmente a visão?

Ela pode estacionar, pode desenvolver... Na verdade a gente não tem um negócio marcado. A gente vai trabalhando sempre ali, tendo um acompanhamento.

4. E como é a sua visão? O que você vê?

Ah, eu consigo ver as coisas só não consigo ver a forma detalhada. Por exemplo, chegar uma pessoa e ficar a dois metros de mim, eu sei que é uma pessoa mas se não prestar atenção, não consigo ver as expressões mesmo da pessoa.

5. O acompanhamento é feito por quem? Como é?

O acompanhamento é feito aqui, eu não posso fazer transplante porque não há transplante de retina né, só de córnea. Há uns dois anos começaram estudos nessa área trabalhando com células tronco, mas ainda não deu certo e eles ‘tão partindo pra outra metodologia. Meu médico disse que daqui a uns 5 anos talvez exista um tratamento ou cirurgia mas até então...

6. E depois da limitação, como foi sua adaptação? Você usa algum instrumento?

Então, eu comecei a usar uma lupa, eu uso desde que eu descobri a doença, uma lupa de mesa normal que eu tenho há uns doze anos. É o meu xodó, que eu fico brincando, chamando de lupita. (risos) E aí uma médica, esse ano, me indicou uns aparelhos e eu fui a São Paulo comprar, esse óculos de prisma pra ler e uma lupa digital que me auxiliar muito no trabalho.




7. São muito caros?

São, e foi tudo do meu bolso. Alguns me disseram, porque você não pega o auxílio governo? Mas além de demorado é muito complicado. Como eu tenho condições e trabalho, prefiro deixar pra quem precisa mais que eu.

8. O contexto social é propício à adaptação?

Assim, eu já tive duas experiências com a deficiência. Eu tive um acidente, vai fazer uns 5 anos, que eu tive que passar 1 ano e meio usando cadeira de rodas. E eu brinco dizendo que é mais fácil ser deficiente visual que cadeirante. Porque os lugares não têm estrutura pra o cadeirante, é muito complicado, além de você ter que depender das pessoas. De certa forma eu sou privilegiada porque meus pais têm carro e sempre me levavam aos lugares, mas imagine quem depende de transporte público... Na época que eu fazia faculdade, nem a faculdade tinha estrutura pra eu me locomover. Tudo era sempre muito complicado, eu nem saia de casa, saia só por alguma necessidade (faculdade, fisioterapia e médico), evitava. No caso da visão, eu tenho que evitar algumas coisas, por exemplo dirigir, ainda tenho uma dependência pra me deslocar porque não posso pôr minha vida e a dos outros em risco. E pegar ônibus também é um pouco difícil porque as letras são pequenas e já aconteceu de pegar ônibus errado, e tenho que perguntar às pessoas o tempo todo quais os ônibus. Nem ando mais.

9. Como é a sua experiência no mercado de trabalho?

Quando comecei a faculdade eu já trabalhava numa empresa e eu passei toda minha graduação trabalhando nessa empresa. Eu nunca entrei num emprego por ser PCD (Pessoa Com Deficiência), no emprego que estou atualmente, eu que me ofereci. Concorri à vaga normalmente, como qualquer outro profissional e falei, porque eu acho isso importante, a gente tem que ser sincero, e eu não posso ter vergonha de uma coisa. Disse que precisaria de uma tela de computador maior, porque usava lupa, deixei isso claro durante todo o processo e lá dentro da empresa eu disse: oh, eu tenho baixa visão, então se você quiser e precisar que eu me enquadre como portador de deficiência eu to disponível e pra eles assim, foi juntar o útil ao necessário né, porque eu rendo como um funcionário normal e até mais, porque eu não posso ser modesta e me desprezar como profissional, eu sou muito dedicada no que faço, até por ter essa deficiência eu tenho que provar pra mim mesma que eu sou capaz e também isso faz com que eu não deixe passar nenhum detalhe, passar nada nas minhas análises. O pessoal da empresa até brinca dizendo que eu sou meio cricri, organizada demais, tudo no lugar assim... Eu sempre brinco dizendo que Deus disse: eu só vou lhe dar 10% de visão porque se eu lhe der 100% ninguém lhe agüenta. Comigo não tem isso de: ah, deixa a bixinha, ela é PDC. Não, eu agüento tudo... Quando eu não agüentar eu aviso!

10. Tem mais algum PCD em sua empresa?

Tem uma menina lá no escritório há duas semanas que é deficiente auditiva, mas na verdade a gente não se comunica muito. Só dei uns toques a ela, porque como minha mãe também usa aparelho eu dei uns toques do telefone e tal. Mas na minha área só tem eu mesmo, porque eu trabalhava na área administrativa e agora trabalho como contadora mesmo. Eu sou a única portadora de deficiência com nível superior da empresa. Tem mais uns três que trabalham no campo, mas com deficiência na parte física né, porque pra ser PCD tem que ter alguns critérios. Eu até tava perguntando ao médico no meu caso quantas pessoas tinham aqui em Petrolina com a minha doença e ele disse que tem duas ou três pessoas.

11. E a sua relação com as pessoas? Como foi na faculdade, em casa, no trabalho, no dia-a-dia?

Os meus amigos do trabalho às vezes esquecem e dizem: Lu, vê isso aqui pra mim. E eu digo: Melhor você ler, porque pra eu ver ta mais difícil. (risos) Mas a relação é normal. Eu também sou muito, quem não sabe que eu tenho problema de visão não sabe e nunca vai saber porque eu não deixo transparecer nem me aproveito disso. Eu acho que o preconceito começa com quem tem... Tem pessoas que porque tem alguma deficiência se aproveitam da situação pra se passarem por coitadinhos, andam sujos e isso a gente vê muito. Eu até passei por uma situação interessante... Eu estava numa loja, foi até quando eu era cadeirante, na porta da loja esperando alguém e um senhor passou e disse: Toma, dez reais pra lhe ajudar. E eu disse: moço, não precisa. Porque eu não tinha necessidade alguma.Tem pessoas que olham com pena, pensam que os cadeirantes são coitadinhos. Mas a pessoa tem que se impor, é uma questão de adaptação mesmo. Por exemplo, eu parei de enxergar as legendas no cinema né, daí eu comecei a aprender inglês. (risos). Na faculdade eu sempre tive apoio dos meus colegas, um grupo que estudo que começou no primeiro período da faculdade e são meus amigos até hoje. Eu via o quadro todo branco, mas minha audição ficou potencializada e meu raciocínio é muito rápido, então eu acabo aprendendo muito rápido. E nos fins de semana meus colegas me passavam todo o assunto escrito e nós estudávamos juntos, todo fim de semana. Houveram duas experiências desagradáveis com dois médicos, um que olhou pra mim e disse: você não enxerga, pronto e acabou. Eu disse: ta bom, beleza, tranqüilo. Mas como nem sempre um único médico tem a razão, eu fui a outro que disse a mesma coisa de outra maneira... Disse que eu pudia fazer muita coisa, mas tinha uma limitação. E outra que falou comigo como se eu tivesse ali me fazendo se coitadinha pra pegar o beneficio no INSS e eu disse: minha filha, você não tem noção do quanto eu quero voltar a trabalhar e ter minha vida normal. Não fique pensando que eu tô aqui sem querer trabalhar por isso ou aquilo, primeiro você tem que me respeitar como pessoa, ser humano. Porque você ta aí como médica, mas como você fez faculdade eu também fiz. Você não pode me tratar como ninguém. Então todo tipo de gente tem preconceito, desde um médico, um PhD, a uma pessoa com menos instrução.

12. O que você gostaria de dizer às pessoas que tem deficiência e às que não tem?

É complicado. As pessoas têm que tratar a gente da melhor maneira possível, porque somos normais, temos apenas uma limitação que eu vejo assim: tenho uma deficiência e tenho que me esforçar mais em determinada situação, pronto. Mas é normal. E às pessoas que são portadoras de deficiência, que não façam disso  um escudo pra se proteger ou querer tirar vantagem de certas coisas porque acho que isso é desnecessário embora a gente saiba que 90% ou até mais do que isso, faz disso um oportunismo. Inclusive, eu fui morar em outra cidade por um tempo pra medir minha capacidade e passei dois meses lá, voltei por questões outras mas minha limitação nunca me impediu de nada, viajo pra todo lugar sozinha, de avião e pergunto quando precisar: moça, onde é o portão tal, não tem que ter vergonha não. Tem pessoas que sofrem porque não tem nível cultural ou financeiro maior não conseguem se desenvolver sozinhas né, mas existem muitas limitações sociais também que os impedem de se mover. Mas muitas vezes as limitações começam em casa com a falta de autonomia. Mas enfim, você deve fazer o que a sua limitação lhe permite fazer. Eu perguntei uma vez ao meu médico: eu posso ficar cega? Ele disse: pode! E ele disse: você pode ficar cega, eu posso ficar cego antes de você. Eu não posso sofrer hoje por algo que eu nem sei se vai acontecer. Eu nunca imaginei que um dia pudesse ficar assim e fiquei. Eu sei que quando eu estiver com 60, 70 anos com certeza vou estar sem entregar, mas não posso sofrer hoje por algo que vai acontecer daqui a muito tempo, é muito relativo. Então a gente tem que se colocar diante das possibilidade de hoje!

 

EQUIPE:

 Gidvanny Miranda (Psicologia)

Hellen Peixinho (Psicologia)

Raiane Mirelle (Psicologia)

Raquel Guimarães (Psicologia)

OS INVISÍVEIS

Pensar na deficiência não é igual a se pensar na pessoa com deficiência. Podemos teorizar ter um discurso politicamente correto e até romântico da deficiência, mas será que somos capazes de verdadeiramente olhar para a pessoa com deficiência?  Ou evitamos essas pessoas por medo de que a deficiência seja uma “doença contagiosa?“



A invisibilidade que acomete pessoas com deficiência, infelizmente, não se parece com mesma que utilizam os super-heróis dos filmes ou quadrinhos, no caso da pessoa deficiente, a invisibilidade em questão é a do âmbito social.
 Pessoas com deficiência têm suas características ignoradas, podendo sofrer tanto do descaso da sociedade, em que finge que estas pessoas não existem, bem como quando são inseridas em um discurso aparentemente humanitário e igualitário, em que “todos somos iguais”, e que “o que importa é a nossa personalidade e nossas atitudes”, blá blá blá...
Esse tipo de discurso geralmente tem a intenção de integração e dar direitos iguais a todos, mas consequentemente se torna uma forma de homogeneizar as características das pessoas, pois se realmente somos todos iguais então pra que existir rampas de acesso, livros em braile, libras, etc.

O que a sociedade tem que entender é que o correto não é igualar as pessoas, e sim garantir a todos os mesmos de direitos, as necessidades físicas ou cognitivas devem ser consideradas e supridas de forma que pessoas com algum tipo de deficiência não tenham déficits em relação ao acesso e a utilização de qualquer lugar ou serviço. É preciso que todas as características ou limitações sejam consideradas e consequentemente supridas.


Xuxa-  Muito Prazer

Existem filhos que precisam mais carinho
De mais cuidados e atenção especial
E essas crianças quando muito bem amadas
Só Deus quem sabe qual o seu potencial
Seus pais conhecem um segredo do universo
Da harmonia e na diversificação
Amar alguém dito normal é muito fácil
Longe da indiferença e discriminação
Me pergunto se a tua indiferença é natural
Me pergunto em que consiste ser normal
Me pergunto qual o referencial
Porque todo mundo tem que ser igual
Quem de nós é um ser humano exemplar
Quem de nós não tem espelho pra se olhar
Quem de nós é capaz de atirar
A primeira pedra sem se machucar
Alguns de nós julgam se mais que todo mundo
Como se o sol fosse escolher pra quem nascer
Comparações são vaidosas ou amargas
Tudo na vida tem uma razão de ser
Tem gente preconceituosa e arrogante
E eu me preocupo com seu modo de pensar
Como se Deus fosse algum ser inconsequente
Que faz pessoas diferentes só pra olhar


A letra acima da cantora Xuxa tenta traduzir, numa escrita simples e acessível, este dilema social que ainda percorre ruas, cidades e estados, a saber, o pré-conceito em relação à pessoa com deficiência.


“Não sei falar do que não sinto, não sei dizer o que não são palavras, às vezes passa despercebida, às vezes causa estranheza, às vezes causa compaixão; são as maneiras como geralmente reagimos quando temos contato (não necessariamente direto) com pessoas com deficiência é a maneira que nos ensinaram a ver, a pessoa com deficiência.

Apesar de sempre ouvir falar em inclusão social e acessibilidade sempre se evidenciava a deficiência da pessoa e não a pessoa e todo um contexto social que simplesmente ignora a total falta de meios que proporcione a qualidade de vida a quem tenha qualquer deficiência. ”



É mais do que necessário, perpassar por cada um de nós essa consciência do humano e a respectiva valorização, não por raça, não por credo, não por padrões de normalidade que imperam infelizmente, mas tão somente pela pessoa que é, pessoa por sinal igual todas as outras, e que sendo pessoa, necessita de atenção, amor, carinho, afeto, cuidado, transporte, afago, relacionamento, educação, saúde, e muito mais.
Sem essa consciência do outro, apesar das diferenças triviais, não conseguiremos avançar, por isso cabe-nos esse desafio.
“Tudo que eu não vi é tudo que eu preciso aprender.” (Marcos Almeida, cantor e compositor brasileiro)

Foto retirada do site: http://www.star.t.u-tokyo.ac.jp/projects/MEDIA/xv/oc.html
Nos tornamos incapazes de enxergar quem está claramente visível, enquanto os que se tornaram invisíveis pela nossa indiferença não estão cegos para nosso tipo de (in)percepção.
No livro “Sempre haverá um amanhã”, o personagem pai de Mahara, que na trama é uma menina com síndrome de Down, fala do olhar de sua filha da seguinte maneira: “Descubro nesse olhar brilhante um amor que espera escondido, a vez de ser retribuído” (NICOLELIS, 1999, p. 52). Nas últimas páginas do livro, ele diz: “De alguma forma ela estava destinada a nós, para que também crescêssemos com sua presença, aceitando-a como é e, em decorrência, aceitando o dom da vida!” (NICOLELIS, 1999, p. 71). Que nossos olhos se abram para enxergar a vida e nos permitir criar espaços para as diversas formas de viver no mundo.


EQUIPE:
Mônica (Psicologia)
Wesley (Psicologia)
Cássia (Psicologia)
Daniel (Psicologia)
Andressa (Psicologia)

Referências
NICOLELIS, Giselda Laporta. Sempre haverá um amanhã. 33.ed. São Paulo. Editora Moderna, 1999. p. 52 e 71.
Optical Camouflage, Tokio. Disponível em <http://www.star.t.u-tokyo.ac.jp/projects/MEDIA/xv/oc.html>. Acesso em: 08 jul. 2013.

AS NOVAS TECNOLOGIAS MELHORANDO A INCLUSÃO

Uma espécie de revolução silenciosa está acontecendo na área da inclusão social para pessoas com deficiência em relação ao uso das novas tecnologias. Seja na qualidade de vida, transformando incapacidade em ação, seja numa melhoria fundamental na comunicação com as pessoas com limitações em contato com as pessoas em geral, diminuindo as diferenças, aproximando através do contato e da maior acessibilidade.            Apesar dos avanços, a maioria dos brasileiros não têm acesso a estas novas tecnologias, seja pelos elevados custos dos equipamentos e serviços, seja pela dificuldade de utilização pelos usuários das classes mais baixas. Mas há ótimas notícias, como é o caso do aplicativo  chamado Pro Deaf. O software foi elaborado há cerca de três anos,  durante um curso de mestrado em ciências da computação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O aplicativo utiliza o reconhecimento de voz do smartphone para traduzir a fala para Libras. O ProDief está sendo atualizado para também reconhecer os sinais de libras via câmera do celular e traduzí-los para o português. O aplicativo participou da competição tecnológica da Imagine Cup da Microsoft conseguindo o 2º lugar mundial, melhorando a sua visibilidade e o interesse das empresas.            A ProDeaf também lançou uma ferramenta web que permite aos surdos e intérpretes cadastrarem novos sinais em uma plataforma online com ajuda do sensor Kinect. A ferramenta reconhece como é o sinal e salva seu movimento no software do ProDeaf, ampliando assim seu banco de dados. Quem quiser criar um sinal que identifique o nome do nosso blog, por exemplo, é só utilizar essa ferramenta para deixar o sinal cadastrado no banco de dados e o sinal ficará disponível na web. Outra coisa bacana: o aplicativo já dispõe de uma função que traduz sites  para libras, aumentando ainda mais a inclusão.Quem sabe num futuro próximo o nosso blog já não tenha uma versão em libras (o Bradesco que é o patrocinador do aplicativo, já possui uma versão do site em libras).
            Apesar do Brasil ser considerado  um país bilíngue (português e LIBRAS), na prática as dificuldades de comunicação entre os deficientes auditivos e as pessoas em geral ainda é muito grande. Novas tecnologias podem melhorar cada vez mais esta comunicação, não podendo esquecer que mais do que qualquer inovação tecnológica, a percepção de que temos que viver em uma sociedade em que todos tenham acesso à informação e à comunicação é que é mais importante. Os canais de interação em nossa sociedade é que são limitados e precisam adaptar-se às variadas formas de deficiências. A deia do Pro Deaf é simples porém, revolucionária, pois nem sempre o surdo conta com um intérprete ao lado, já  com o app é possível que um surdo se aproxime de qualquer pessoa para pedir uma informação, por exemplo. Com a câmera do aparelho, o surdo registra os sinais em LIBRAS e o sistema então os converte em áudio. Para responder, basta que o ouvinte fale com o app, que irá então representá-lo, via avatar no display. Também permite que alguém com deficiência auditiva use o telefone para fazer ligações com qualquer outra pessoa.
Apesar de serem muitas as contribuições tecnológicas em relação às melhorias de acessibilidade de pessoas com deficiência, preferimos nos concentrar neste aplicativo por entender que por ter sido criado por estudantes pernambucanos (como nós), nos aproxima da ideia de que é possível lutarmos por um mundo cada vez mais inclusivo, sem precisarmos esperar que estas ideias venham de mundos distantes. As soluções podem estar aqui ao nosso lado.
            Estamos disponibilizando aqui no blog, algumas fotos de novidades tecnológicas ligadas à acessibilidade, que serão apresentadas na Feira do setor ainda este mês.















Dalmo  Barreto (Psicologia)
Vinícius Barbosa (Psicologia)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

DEFICIÊNCIA E MATERNIDADE

Deficientes podem engravidar?

O fato é que a deficiência (seja ela física, intelectual ou sensorial) não é impedimento para a gestação e para a relação mãe-bebê. A experiência da maternidade é perfeitamente viável, porém é requerido um acompanhamento médico viabilizando os procedimentos mais adequados para cada caso.
 Ainda existe um estranhamento por parte da sociedade quanto à gravidez de mulheres deficientes. Porém sabe-se que inclusive deficientes físicas podem gerar seus filhos, igualmente às outras mulheres.

No caso de síndromes, muitos são os casos em que existe a esterilidade, mas em caso contrário, a mulher pode gerar seu filho normalmente, somente contando com outros exames além do pré-natal, a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê. Para as mulheres com Síndrome de Down, por exemplo, a gestação acontece normalmente, como explicaremos mais adiante. 


Gestação e Parto X Deficiência: 

Entre as deficientes visuais
            Não há diferença fisiológica. O acompanhamento durante a gestação requer cuidados realmente especiais devido a alterações do comportamento interno em que a mãe pode criar certa angústia de precisar saber como o bebê está e não ter uma ideia visual da situação. Mas os exames e a abordagem na gravidez de uma deficiente visual são exatamente iguais a uma mãe não deficiente.
Na ultrassonografia, que é uma das ações mais majestosas durante a gravidez da deficiente visual, a imagem é relatada em cada detalhe para a nova mãe com muito mais expectativa, assim, os médicos transformam em palavras às imagens que ficam tão distantes aos olhos, com isso, diminuindo a angústia da futura mamãe e colaborando para um atendimento com mais qualidade, comunicação e interação demonstrando assim um caráter respeitoso que evidencia a preocupação com acessibilidade e inclusão. E essa tradução do visual para o verbal (áudio descrição) não se reduz a futuras mamães com deficiência visual, mas se amplia também a pais que queiram acompanhar o pré-natal e o nascimento de seus bebês, a pacientes que são atendidos em hospitais ou consultórios, a pessoas que vão fazer exames em laboratórios, ou que são atendidas em clínicas de reabilitação e outros locais na área da saúde.

Entre as cadeirantes
Para o bebê não há risco nenhum, ele se desenvolve normalmente. O cuidado maior que se deve ter é com a mãe cadeirante, pois podem desenvolver problemas circulatórios como a trombose e o aconselhável é fazer sessões de drenagem linfática e buscar um médico que geralmente indica a ingestão de anticoagulante para prevenir esses problemas circulatórios, contudo, esse tipo de medicamento que pode ser utilizado por gestantes sem efeitos colaterais é bastante caro. Outro cuidado que a mãe deve ter é com o peso e o recomendado é ter acompanhamento de uma nutricionista que indique uma alimentação correta. Mas o cuidado com peso não é só pela saúde, mas também por ter que trocar a cadeira de rodas em curtos intervalos de tempo para uma mais espaçosa nos quadris e geralmente essas cadeiras de rodas tem um custo elevado.
A necessidade de um parto cesariano é um mito. Este só é recomendado quando favorecer a proteção à saúde de mãe e filho.


Entre as mães com Síndrome de Down
É raro, mas mulheres com Down podem engravidar. Há apenas cerca de 30 casos documentados no mundo todo. Igualmente como ocorre com mulheres sem a síndrome, a gravidez só é avaliada de risco se a gestante exibir algum problema de saúde que necessite de mais cuidados, como cardiopatia, pressão alta, diabetes ou obesidade, mas vale ressaltar que nas mães com síndrome de Down, essas patologias são unidas com mais frequência. É também importante ter atenção aos cuidados do pré-natal, pois com a falta de informação da gestante e da família pode ocorrer que mães com síndrome de Down só se consultem com um médico quando a gestação já estiver progredida. Logo, os cuidados durante a gravidez são os mesmos que todas as outras mulheres necessitam adotar, avaliando em cada caso a ocorrência ou não de patologias. O tipo de parto é decidido de acordo com a situação geral da mulher e do bebê.


Mãe-Bebê:

            Após o período apreensivo da gestação chega o momento em que a mãe recebe finalmente seu bebê. Esse momento é desafiador para a maioria das mulheres, pois o bebê é totalmente dependente de cuidados básicos a ser realizados por terceiros para sua sobrevivência, principalmente feitos pela mãe.             Para que a pessoa com deficiência desenvolva suas habilidades cotidianas e/ou intelectuais é necessário que haja um ambiente sensível e adequado às suas limitações, e o cuidado de um filho por uma mãe com alguma limitação não é diferente. Dependendo do tipo de limitação essa adaptação exigirá mais ou menos do ambiente e até mesmo de outras pessoas como suporte, para realização de uma maternidade plena da mãe com deficiência.

Mães surdas, cegas, cadeirantes, com limitação intelectual ou física são, dentro de seu limite individual com ou sem ajuda de outras pessoas, capazes e tem o direito de exercer os cuidados cotidianos de seus filhos como: dar de mamar, dar banho, alimentar, levar à escola etc.
O que às vezes é necessário é um suporte em sua maioria por profissionais de saúde, para orientar a melhor forma de cuidado na relação mãe-bebê. Exemplificando, orientações com mãe cegas a usar o olfato e o tato nos cuidados diários com o bebê e a importância da comunicação verbal, como um meio de fortalecimento do vínculo mãe e filho. Orientações para mães surdas seria ficarem atentas a reconhecer expressões faciais do bebê como forma inicial de comunicação.
O que se pretende deixar claro é que a maternidade é um direito de toda mulher com ou sem limitação física/mental/intelectual/sensorial, bastando apenas a sua condição fisiológica e a sua vontade para que se possa exercer a maternidade. O Sistema Único de Saúde oferece acompanhamento e atenção especial para cada tipo de limitação durante a gestação, parto e principais cuidados básicos após o nascimento.
A possibilidade de engravidar e a capacidade de cuidar de um filho é questionada e muitas vezes encarada com muito preconceito quando se trata de mulheres com deficiência. É preciso ultrapassar esses obstáculos e reconhecer que a maternidade é sim, uma possibilidade e um direito de todas as mulheres. Não se pode permitir que barreiras ambientais/sociais impeçam que mulheres que desejem ser mães, independente de sua condição física, mental ou sensorial possam ser, em detrimento de uma imposição médica, social ou cultural. Discursos incapacitantes, impositivos, carregados de um preconceito histórico em relação às capacidades das pessoas com deficiência devem ser superados, quando se trata dos sonhos e desejos do ser humano.   


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Equipe:
Glaucia Keren Soares de Souza (Psicologia)
Lorena de Souza Ribeiro (Psicologia)
Zaina Pereira Martins Santos (Psicologia)

REFERÊNCIAS
Disponível em: <http://www.selecoes.com.br/article/657#sthash.FzvOom7x.dpuf> Acesso em 07/07/2013.
Disponível em: <http://www.sac.org.br/PO971026.htm> Acesso em: 07/07/2013.
Disponível em: <http://www.vercompalavras.com.br/blog/?p=998> Acesso em: 07/07/2013.